terça-feira, 22 de março de 2011

Como escolher a franquia ideal para você

 RICARDO CORRÊA

 

O curso de direito foi o caminho que o jovem Eduardo Bon Kersting Roque, 28 anos, escolheu para ter um diploma universitário. Mas, decididamente, advogar não era o que ele sonhava para o futuro. Enquanto cursava a faculdade, trabalhava na empresa do pai com o propósito de juntar dinheiro e abrir o próprio negócio. Sem experiência como empreendedor, resolveu apostar no franchising, em busca de mais segurança e do respaldo de quem já conhecia o mercado. Queria, como a maioria, uma franquia com investimento em torno de R$ 100 mil e retorno menor do que 24 meses. Por quase dois anos avaliou várias redes de alimentação até optar pela Cacau Show. Sem precipitação, conversou com mais de 50 franqueados da bandeira e fez várias visitas à fábrica. Em 2008, comprou uma franquia no bairro paulistano do Itaim, pelo valor de R$ 94 mil. Em menos de seis meses recuperou o capital investido.

“No começo tudo é novo e complicado, tive de recorrer muitas vezes aos consultores da rede. Eles davam as ideias, como a busca de metas mensais de crescimento, mas eu tinha que pôr em prática e fazer mais”, afirma. Roque passou a estabelecer metas diárias de vendas e quando observava que os resultados estavam abaixo do esperado, não se intimidava. Pegava uma bolsa térmica e saía pelas ruas promovendo a degustação dos produtos, fazia panfletagem em prédios, lojas e bancos da região e deixava sacolas com folders promocionais em bancas de jornal. Os resultados não demoraram a aparecer. “Da média dos 30 dias do mês, hoje eu bato as metas em 23”, revela. “Em janeiro de 2010 as vendas foram 28% maiores em relação ao mesmo período de 2009, e o Natal, 50% melhor que no ano anterior.” Com menos de dois anos de operação, Roque já aparece na lista das lojas mais rentáveis entre as 750 franquias da Cacau Show, segundo o franqueador.


Apesar do pouco tempo de mercado, Roque é o exemplo do perfil de empreendedor que começou a ganhar expressão dentro das redes: boa formação cultural, muita informação do setor, disposição para crescer e boa gestão administrativa. São empresários com essa descrição que as franquias querem ter como parceiros. Candidatos é que não faltam. Só o portal da Associação Brasileira de Franchising (ABF) recebe mais de 90 mil visitas por mês, a maioria de gente disposta a abrir uma franquia. O que desperta o interesse de um número tão grande de pessoas é, sem dúvida, o ritmo de expansão do franchising. “Nos últimos três anos, o setor cresceu mais de 50%, bem acima da média do PIB do país, e de 2002 para cá o mercado dobrou de tamanho”, ressalta Ricardo Bomeny, presidente da ABF. Em 2009, as 1.460 redes, que somam mais de 80 mil unidades, alcançaram um faturamento de R$ 63 bilhões. As estimativas para 2010 são de um incremento da ordem de 15%” (veja os gráficos nas págs. 56 e 57). 


EDUARDO BON KERSTING ROQUE, 28 ANOS, DONO DE UMA FRANQUIA DA CACAU SHOW
COMO ESCOLHEU>>>
Passou dois anos pesquisando empresas e setores. Conversou com familiares e mais de 50 franqueados. Optou pela Cacau Show por ter investimento compatível com o dinheiro de que dispunha e tempo de retorno de cerca de 18 meses
COMO ADMINISTRA >>>
Está sempre na loja, investe em ações de marketing agressivas no ponto de venda e na região,mantém o controle das finanças com a ajuda de um consultor financeiro e trabalha com metas diárias. Quando vê que não vai conseguir, sai às ruas para fazer divulgação e degustação de produtos para atrair clientes
Ricardo Corrêa
ALEXANDRE DA COSTA, PRESIDENTE DA CACAU SHOW
O QUE A REDE ESPERA DE UM FRANQUEADO?

Buscamos pessoas que tenham o empreendedorismo na veia, dispostas a trabalhar e não apenas investir
QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O CRESCIMENTO DA REDE?

Não nos preocupamos em ganhar dinheiro vendendo franquia. Nós queremos vender chocolate. Oferecemos uma relação custo/benefício boa para o consumidor e para o franqueado, com um mix de produtos bem diversificado, de qualidade reconhecida, a preços acessíveis
QUAIS AS EXPECTATIVAS PARA O FUTURO?

Deveremos chegar a mil franquias neste ano - 300 a mais que em 2009. O foco são as cidades com mais de 30 mil habitantes

O crescimento não se restringe apenas às redes recém-chegadas ao mercado. Entre as bandeiras que mais abriram lojas segundo o Guia de Franquias, publicado pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, estão marcas veteranas, como O Boticário e Localiza, com décadas de experiência, e outras mais jovens, porém consolidadas, como Cacau Show, Hering e Via Uno. Por esse motivo e também pelo fato de estarem abrigadas nos cinco setores que mais crescem (alimentação, beleza, moda, calçados e serviços)elas merecem destaque nesta reportagem. Foram abordados os casos de franqueados mais lucrativos.

O setor vive uma expansão acelerada, parece ter fôlego para crescer ainda mais nos próximos anos. O crescimento deverá ocorrer em direção aos pequenos e médios municípios do Sudeste e do Sul, em razão da saturação do mercado em grandes metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

“Nas grandes cidades ainda há espaço para novos formatos de lojas, menores ou no modelo quiosque, instaladas em supermercados ou pequenos centros de compra. As versões tradicionais devem ganhar espaço com a abertura de novos shopping centers”, afirma Osvaldo Moscon, gerente executivo de canal de vendas de O Boticário. O cenário é realmente favorável. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers, 19 novas unidades foram inauguradas em 2010, três a mais do que em 2009. Em média, 75% das lojas das praças de alimentação são franquias, o que sinaliza muito espaço a ser preenchido.
RICARDO CORRÊA
CARLOS PUSCH, 40 ANOS, DONO DE 10 FRANQUIAS DA REDE O BOTICÁRIO
COMO ESCOLHEU >>>
Trabalhou por duas temporadas em uma franquia da rede, antecipou o que hoje se chama de test-drive; confirmou a boa receptividade da marca e dos produtos pelo consumidor e tem afinidade com o mercado de beleza
COMO ADMINISTRA >>>
Adota processos e metas bem definidos, investe forte no treinamento da equipe e na própria reciclagem, circula pelas lojas para ouvir o que os clientes e os funcionários têm a dizer. Optou por um sistema de premiação para as vendedoras com meta financeira atrelada ao valor médio do boleto
RICARDO CORRÊA
ARTHUR GRYNBAUM, PRESIDENTE DE O BOTICÁRIO
O QUE A REDE ESPERA DE UM FRANQUEADO?

Identificação com a marca, perfil empreendedor com alto nível de assertividade, ousadia, disciplina, empatia e vontade de colher resultados
QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O CRESCIMENTO DA REDE?

A inovação de implantar o sistema de franquias como principal canal de vendas somada à concepção das lojas como um ponto de contato dos consumidores com os produtos e a cultura da marca. Mas, principalmente, a parceria com os franqueados, com investimentos constantes em treinamento e reciclagem
QUAIS AS EXPECTATIVAS PARA O FUTURO?

Manter o forte ritmo de crescimento dos últimos anos. Em 2009, a meta era abrir cem novas lojas. Superamos esse número em 50%  



FONTE: PEGN

 

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